A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) concluiu a identificação e liberou, na manhã desta quinta-feira (15), os corpos das três vítimas encontradas mortas, no último dia 09, no mangue do Rio Ceará. Para a identificação completa foi necessária a realização de exames de DNA. Um adulto e uma adolescente de 17 anos foram capturados pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), na manhã dessa quarta-feira (14), suspeitos de participarem das mortes.
Após as diligências ininterruptas iniciadas pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com apoio do 17º Distrito Policial (Vila Velha), do 7º Distrito Policial (Pirambu), do Departamento de Inteligência Policial (DIP) e da Unidade Tático Operacional (UTO) da Divisão Antissequestro (DAS), sobe para oito o número de suspeitos envolvidos direta ou indiretamente nas mortes das mulheres. Detalhes da investigação e sobre os exames periciais que comprovam a identidades das vítimas foram divulgados, nesta quinta-feira (15), em entrevista coletiva, na sede da DHPP, no bairro de Fátima.
As vítimas identificadas como Darcyelle Ancelmo de Alencar (31), Ingrid Teixeira Ferreira (22) e Nara Aline Mota de Lima (23) foram devidamente identificadas após exame de DNA, realizado pelo Núcleo de DNA Forense da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses (Calf) da Pefoce, que comparou amostras biológicas das vítimas com parentes de primeiro grau.
“Trabalhamos de forma célere para conseguir identificar essas vítimas. Desde o final de semana, estávamos realizando as análises buscando a rápida identificação e , consequentemente, a liberação dos corpos para os familiares”, afirmou Manuela Cândido, coordenadora da Calf. Já o coordenador de Medicina Legal (Comel), Hugo Leandro, afirmou que os laudos dos exames cadavéricos estão sendo realizados e, logo após a conclusão, serão remetidos para a DHPP.
Dando seguimento às investigações que apuram as mortes das três mulheres no mangue, a Polícia Civil chegou ao nome de Jeilson Lopes Pires (21) e de uma adolescente de 17 anos, apontados como partícipantes das torturas e execuções das vítimas.
Ambos são moradores da comunidade dos Gafanhotos, no Vila Velha, e seriam integrantes do mesmo grupo criminoso dos outros capturados. Em depoimento, Jeilson confessou fazer parte do grupo, inclusive, aos 16 anos, tatuou um gafanhoto no abdômen, fazendo referência ao símbolo do grupo criminoso local. Por esta razão, ele foi flagranteado na Lei das Organizações Criminosas e, no decorrer das investigações, também será indiciado pelos homicídios das mulheres, bem como pela ocultação dos cadáveres, corrupção de menor e por outros crimes que venham a ser revelados nas apurações. Ele já respondia a um procedimento por crime contra a administração pública. Com o suspeito, os policiais civis recolheram aparelhos celulares, que foram encaminhados à Pefoce para serem periciados. Conforme levantamentos policiais, Jeilson exerceria influência sobre integrantes do grupo local que atua no Vila Velha e estaria presente no dia do crime.
Já a adolescente, que já tinha passagem por crime contra a administração pública, negou fazer parte de qualquer grupo. Mas por evidências encontradas durante as investigações policiais, foi instaurado um ato infracional análogo ao crime de homicídio em desfavor dela, na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). A participação da menor é apurada pelas equipes policiais.
Prisões
Bruno Araújo de Oliveira (23), conhecido por “Bilouco” e com passagens por roubo e homicídio; e Júlio César Clemente da Silva (28), conhecido por “Bifão” e sem antecedentes, se encontram presos e indiciados pelas mortes das três vítimas. Para a Polícia, eles participaram ativamente das execuções, tendo Bruno indicado a localização exata de onde os corpos estavam enterrados.
As prisões da dupla foram realizadas na última sexta-feira (9), mesmo dia em que os restos mortais das vítimas foram encontrados e recolhidos para a Pefoce.
Primeiras capturas
Na terça-feira (6), outros quatro suspeitos foram capturados por equipes do 7º DP. São eles: Diego Alves Fernandes (21) – com antecedentes criminais por receptação, associação criminosa e corrupção de menor; Luiz Alexandre Alves Silva (25) – com passagens por roubo com restrição de liberdade; e Antônio Honorato dos Santos (42) – sem antecedentes. As diligências resultaram ainda na apreensão de um adolescente de 17 anos – com passagem pela Polícia por posse ilegal de arma de fogo – que foi encaminhado à sede da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Em depoimento, apenas Diego confessou que presenciou as execuções, bem como as ocultações dos corpos. A participação do quarteto é investigada.
Buscas
As buscas pelos corpos das vítimas iniciaram no dia 5 de março, no entorno do mangue do Rio Ceará, em um trabalho contínuo de equipes do Núcleo de Busca e Salvamento (NBS) do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), da Unidade Tática Operacional (UTO) da Divisão Antissequestro (DAS), da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), do 17º Distrito Policial (Vila Velha) e do 7º Distrito Policial (Pirambu) da Polícia Civil.
No local, as equipes encontraram peças de roupas e pedaços de madeira que, de acordo com as investigações, foram utilizadas para agredir as vítimas e depois foram enterrados junto aos corpos. Parte de um facão também foi localizado na área onde as vítimas foram colocadas. O material se encontra na Pefoce para análise.
Denúncias
A Polícia Civil mantém as investigações e reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações que possam ajudar na localização dos suspeitos e na elucidação do caso. As denúncias podem ser feitas pelo número 181, o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS); pelo (85) 3257-8807, da DHPP; ou ainda para o número (85) 99111-7498, que é o WhatsApp da Divisão, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem. O sigilo é garantido.