Cinco policiais são presos após tentarem expulsar 237 famílias de ocupação em Fortaleza.

A região, que estava vazia há quatro décadas, foi ocupada pelas famílias em abril deste ano. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE) acompanha o caso.

Cerca de 237 famílias que vivem na Ocupação Fazendinha, localizada no bairro Cambeba, em Fortaleza, vivenciaram uma manhã de medo nesta quarta-feira, 2. De acordo com denúncias dos ocupantes, dez homens armados foram ao local informando que receberam ordens do proprietário do terreno, que há mais de quatro décadas estava desocupado, para evacuação imediata, mas não comprovaram isso. A polícia foi chamada e identificou que pelo menos cinco dos indivíduos eram policiais que não estavam em serviço. Eles foram presos e encaminhados à delegacia.

Os homens chegaram por volta das 6 horas da manhã e deram um prazo para que todas as famílias saíssem, informando que o dono da propriedade havia ordenado, conforme informou uma ocupante que não será identificada. “Ficamos com muito medo, muito medo mesmo. Nós temos um grupo e no grupo era todo mundo mandando áudio, chorando, dizendo ‘meu Deus pra onde a gente vai'”, relembrou.

Ela e outras famílias resolveram ocupar o terreno no final de abril deste ano, ao perceberem que a região estava há mais de quatro décadas abandonada e que o dono não aparecia no local. Desempregada e sem condições de arcar com o aluguel da antiga casa onde morava, a mulher se uniu a dezenas de outras pessoas que assim como ela estão em situação de vulnerabilidade social e ergueu uma barraca no espaço.

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“Como o dono nunca tinha aparecido as famílias entraram e montaram barracos, aqui tem muita gestante, muita crianças. (É um espaço) bom pra gente poder tá mais sossegado, ter onde dormir, dormir nosso filhos”, desabafa a ocupante, que encontrou no espaço uma opção de não acabar em situação de rua.

O POVO procurou a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Habitacional (Habitafor) para saber se as famílias serão assistidas ou se há algum planejamento de apoio a população, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.

Caso está sendo acompanhado
As famílias estão sendo assistidas pela Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE) e recebendo apoio jurídico de Julianne Melo, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE). A representante esteve no local e informou ao O POVO que os homens chegaram no espaço sem ordem judicial, apenas com um papel em mãos, que não tinha validade jurídica.

Julianne relatou que a polícia foi chamada e quando as guarnições chegaram até o local identificaram que pelo menos cinco dos homens eram policiais a paisana. De acordo com a representante, eles teriam sido encaminhados para a delegacia logo após serem identificados e presos. Apesar do grupo afirmar que respondia pelo dono do terreno, na ocasião não conseguiram comprovar ligação.

Procurada pelo O POVO, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não confirmou a prisão dos envolvidos e nem falou sobre o caso, solicitando que fosse feito contato com a Policia Militar do Ceará (PMCE). O órgão de segurança foi então procurado e questionado acerca das denúncias, mas até o fechamento desta matéria não havia dado retorno. A reportagem ainda buscou a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) e aguarda resposta.

Créditos: O POVO

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